Maria na escolha de evidência para o seu portfólio de aprendizagem |
Ao longo destes 12 anos de serviço fui dando conta da necessidade de registar «mais de perto» a evolução de cada um dos meus alunos. Dar-lhes voz, imagens fiéis que pudessem falar por mim, enquanto meio facilitador da aprendizagem e por eles, atores principais deste processo de descoberta do eu, dos outros e do meio envolvente.
Ainda sem pensar na designação correta desse agir, fui lendo, procurei crescer como educadora e criar na minha sala de jardim-de-infância uma «comunidade de aprendizagem» (warkins,2005) onde a criança teria voz e corpo ativo na construção do seu saber,
Como sabem tenho feito várias formações da APEI sobre esta temática e tenho partilhado convosco todos os meus apontamentos como, podem ver aqui e aqui.
Hoje venho falar-vos de uma outra etapa nesta minha busca sobre «como desenvolver um portfólio».
Surgiram este ano novas dúvidas que me fizeram voltar a procurar saber mais sobre este instrumento...
*Queria saber como organizar as evidências de cada criança?
*Que evidências deviam ser escolhidas por mim e pela criança?
*como envolver as famílias neste processo?
Agarrei então a oportunidade e dei o passo seguinte: participar na oficina «a construção dos portfólios na educação pré-escolar no contexto da organização curricular», mais uma vez sob a orientação da professora Mª Elisa Leandro, que decorreu na sede da APEI em lisboa.
Pequeno grupo de crianças a organizar os seus registos fotográficos para os incluir no seu portfólio |
Assim inicio hoje um conjunto de publicações que visam partilhar convosco o que fui aprendendo ao longo destes meses de formação (Fevereiro a Abril de 2015)A primeira questão abordada deve ser: o que é afinal avaliar no Jardim de infância?
Usando as palavras da colega Cristina Parente (que apresentou a sua tese sobre esta temática e que podem consultar aqui) è urgente definir o que é Avaliar no contexto do JI
«A avaliação na educação de infância pressupõe a apreciação da aprendizagem e dos progressos da criança através de novos e recompensadores meios intrinsecamente ligados à actividade do dia a dia do jardim-de-infância (McAfee e Leong, 1997). Os autores destacam entre outros:
(a) a observação sistemática da criança a trabalhar e a jogar;
(b) a colocação de questões à criança para que descreva as suas realizações e, deste modo, possa revelar o seu pensamento;
(c) a realização de tarefas concretas e resolução de problemas;
(d) a documentação do processo de aprendizagem da criança através de diversos procedimentos como registos escritos, checklists, fotografias, gravações entre outros;
(e) ensinar as crianças a documentar e avaliar a sua própria aprendizagem através das suas realizações e de diversos tipos de registo é outro meio referido pelos autores.
O recurso a estes meios de avaliação resulta, naturalmente, numa descrição rica e compreensiva do que a criança sabe e pode fazer que revela o percurso de aprendizagem realizado pela criança e constitui material relevante para apoiar e suportar o processo de planificação e tomada de decisões a efectuar pela educadora de infância para a construção de novas aprendizagens.» (Parente, 2004)
Esta posição reforça a concepção de Teresa Vasconcelos que refere «o educador como o construtor e gestor do currículo» (Orientações curriculares para a educação pré escolar,1997), assim e tendo como objetivo principal a criação de «uma coleção de itens que revele, conforme o tempo passa, os diferentes aspetos de crescimento e do desenvolvimento de cada criança» (Shores e Grece, 2001, citados por Parente,2004) foi pensada a criação de um portfólio de aprendizagem a titulo experimental a fim de, por tentativa e erro, encontrar, a melhor forma de:
- Construir um portfólio numa prespetiva de avaliação mais autêntica, mais partilhada e mais reflexiva (para a criança, educadora e família)
- · Envolver a família no processo de crescimento, aprendizagem e de avaliação da criança, dando espaço e abertura à sua opinião e propostas construtivas que ajudem a criança no seu percurso escolar.
- · Refletir e avaliar a minha ação educativa, enfrentando os constrangimentos e servir-me deles para questionar, testar e alterar processos e formas de agir e educar.
Estavam assim definidos os objetivos para o uso do portfólio na minha sala de JI.
No próximo post irei abordar a importância da escolha dos parceiros e a melhor forma de gerir o tempo na elaboração do portfólio, não percam!
Milena Branco