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Ofereça materiais abertos!
Quantas vezes nos queixamos da falta de recursos na nossa sala?
Andamos muito preocupados com a oferta de bons materiais, coloridos, resistentes, provocadores e amplificadores da iniciativa e do conhecimento base da criança. Estaremos a oferecer esses recursos?
Hoje venho mostrar-vos que podemos fazer muito com muito pouco!
Venho apresentar-vos o «Estábulo», um projeto do âmbito imaginário, da autoria do Simão com 4 anos. Uma brincadeira que surge de forma natural na exploração dos materiais naturais existentes na oficina de madeiras.
«Faça materiais convidativos para as crianças usarem como ferramentas para pensar, criar e debater. Isso não requer muitos recursos financeiros, mas envolve uma apresentação cuidadosa. “Não são coisas em uma caixa”, diz MacKay. Sementes, folhas e pedras recolhidas durante um passeio na natureza e apresentadas de maneira atrativa vão fazer as crianças quererem brincar. A chave é observar e ouvir como as crianças interagem com os materiais, o que elas dizem, fazem e criam.»
Vejam mais aqui.
O Simão recolheu, durante um passeio algumas pedras do rio que juntou aos recursos da oficina de madeiras. Neste espaço existem peças de madeira de diversos formatos e tamanhos. Neste dia explora os animais da quinta e permanece neste jogo cerca de 45 minutos até que me aproximo dele.
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Mostra-me com orgulho a sua construção, «é um estábulo onde vivem as ovelhas, as vacas e os cavalos».
Demonstra os seus conhecimentos sobre arquitetura, mostra-me as partes laterais que sustentam o telhado e a forma como fez as portas « as portas são para fechar os animais à noite para não fugirem», revela conhecer as rotinas do trato dos animais na quinta e quais as raças que habitam no estábulo.
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O seu desenvolvimento cognitivo está revelado, usa e aplica conhecimentos de medida, peso, movimentos de perícia e destreza manual e comunica num discurso coerente, claro, bem estruturado e rico em vocabulário.
Questiono a existência de pedaços de madeira dentro do estábulo, serão outros animais?
Espanto-me com o coerência do seu brincar, «São fartos de palha para os animais comerem!»
O seu jogo simbólico reflete as suas vivências pessoais e sociais em casa dos avós que moram no campo e das suas observações e pesquisas em diversos suportes da biblioteca, tanto nos livros como nos vídeos.
Estes diálogos, esta escuta ativa das crianças, permitem reconhecer as suas fontes de interesse, o foco que investem na atividade e os conhecimentos que têm como adquiridos e a forma como os conseguem cruzar para fazer avançar a sua exploração.
“Você precisa realmente ouvir para descobrir sobre o que as crianças estão curiosas e para que perguntas interessantes surjam”, diz MacKay. Uma sugestão é criar um banco de perguntas abertas para o educador refletir junto às crianças. “Se a primeira de suas perguntas não surtir efeito, você ainda terá mais 80 para tentar”.
É necessário documentar estes diálogos, estes momentos, as fases de construção como uma narrativa que traduz a aprendizagem e descoberta em tempo real.
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“Quando documentar se torna um hábito, isso serve como material para reflexão”. O hábito é igualmente útil para professores e alunos: professores curiosos fazem aparecer crianças curiosas. Aqui está um sequência de perguntas que podem ser feitas diariamente:
– O que eu acho que vai acontecer?
– O que aconteceu na realidade?
– O que podemos fazer diferente da próxima vez?
– O que faremos amanhã?
– Isso desperta a sua curiosidade? Como?
O resultado desta documentação sustenta a recolha de evidências significativas que servem, por sua vez, de base à reflexão e avaliação dos saberes e das aprendizagens das crianças.
Adoro quando as coisas mais simples são as mais provocadoras e promotoras de descoberta, tanto para as crianças como para os educadores!
Ofereçam materiais abertas e descubram a magia da descoberta do mundo e da vida que nele existe!
Ed. Milena Branco