Balanço Final - Práticas democráticas, valores e significados sociais, reconstrução cooperada da cultura durante o ano letivo-


É estranho (mas necessário) pensar na iniciação às práticas democráticas, na instituição dos valores e dos significados sociais, na reconstrução cooperada da cultura e na organização do trabalho, tendo por base uma estrutura cooperada, circuitos de comunicação, num grupo centrado em crianças com idades entre os 18 e os 24 meses. Mas é importante refletir sobre as nossa prática numa prespetiva de autoavaliação e promoção de práticas mais centradas na criança, nos seus interesses e vivências.

É preciso contar com todos, é preciso envolver-nos todos neste ato de educar.

Sabemos que a vida acontece dentro da criança e não fora dela. Sabemos que a criança deseja conhecer o mundo, a vida real, aquilo que acontece ao seu redor e que ela tenta descodificar, mas esse caminho não poder ser solitário, nem é possível que o seja. Não as podemos segregar desta vida, mas podemos permitir e reunir condições para que a sua apropriação da vida seja um ato social, cultural e democrático. É preciso envolver a creche na vida da comunidade, pois ela reflete a vida, a cultura e a democracia.

 Podemos promover espaços e oportunidades onde cada criança possa contribuir para a descoberta do outro, partindo da partilha dos seus próprios saberes, mesmo que ela não tenha em si esta consciência. Como? 
Apoiando o seu brincar, criando um contexto de coletivo, onde se celebra a diferença nos saberes e a igualdade na oportunidade para aprender e descobrir. Onde a cultura se faz representar dentro e fora da creche, como espelho da comunidade.

Educando na creche (tal como no JI) dentro desta linha, desta mesma filosofia orientadora, que precisa de um educador próximo ao nível físico e emocional, que valoriza as vivências, as heranças sociais, culturais e familiares de cada criança, que promova o convívio geracional, que estimula a interação e participação das famílias, um educador que respeite o tempo e o espaço de cada um na resposta ativa das suas necessidades, equilibrando o  cuidar e o educar.
Defendendo a creche como um direito da criança e da família, como um espaço de ensino e de promoção de cultura. Um espaço da infância onde a criança é respeitada e aceite como cidadão de direitos; direito à voz, à opinião, direito ao conhecimento da vida e de tudo o que nela existe, numa descoberta coletiva, onde as partes complementam o todo.

E porque a criança trás consigo a sua história, a sua família, a sua cultura, a creche deve ser um espaço onde a família tem liberdade para Estar, Ser e Contribuir como Voz dessa criança que acaba de chegar.
É preciso promover trocas dialógicas entre a creche e a família como forma de construir a consciência da sua própria identidade pessoal, social e cultural.

Este ano numa nova escola, num novo grupo, de volta à creche, a comunidade, as famílias e a Escuta ativa foram a minha bandeira. O balanço é positivo, os frutos não se conseguem enumerar!
A relação de apoio, a rede criada entre essa comunidade, que inicialmente parecia inexistente, é agora vital, promotora e apoiante dos nossos projetos. As famílias são as nossas pontes, os nosso parceiros diretos sempre disponíveis para entrar na nossa sala e viver connosco cada aventura!

Os dados estão lançados e no próximo ano vamos dar continuidade ás nossas pontes, ás parcerias!
Vamos continuar a desejar ESCUTAR e promover a autonomia e desejo de ação da criança aceitando-a como protagonista da sua descoberta da vida!

Não percam as próximas reflexões em modos de avaliação final do nosso ano letivo!