Instrumentos basilares na ação educativa: a agenda do educador


Sempre que chega Agosto, chega o tempo para preparar o novo ano letivo. A escolha da agenda a usar é um dos primeiros passos.
Para mim os instrumentos que escolho devem refletir os valores que defendo na minha prática educativa.

É preciso escolher um documento que possa compilar no mesmo local toda a informação que vou recolher ao longo do tempo . Como não encontrei no mercado essa resposta resolvi criar a minha própria agenda! Inicialmente era apenas minha, hoje é um instrumento de referência a centenas de educadores de infância em Portugal.
 A minha agenda passou a ser um elemento da equipa, um espaço para as minhas anotações pessoais, onde posso planear a minha formação continua.

 Um lugar de encontro e de reflexão entre mim e outros técnicos envolvidos na minha ação, a equipa da ELI por exemplo...

  E entramos na organização do grupo. Há anos em que ele é um total desconhecido, noutros um companheiro de viagem, e este é o ano da continuidade, os exploradores são meus conhecidos, embora tenha 5 crianças novas no meu grupo.
A minha agenda dispõem de um separador dedicado ao grupo e à individualidade de cada criança. Um espaço que uso para anotar a sua história, a sua bagagem cultural e social. Geralmente a reunião de pais serve para alimentar os primeiros apontamentos e ao longo do ano vou tirando as minhas notas de leitura e registo do desenvolvimento e da voz de cada uma das crianças do meu grupo.
Existem 5 pilares base na minha prática que defendo e promovo sempre, o direito à convivência social entre pares e destes com adultos (dentro e fora da nossa sala e escola). Aqui procuro desenvolver provocações que permitam à criança usar as suas diferentes linguagens, ampliando o seu auto-conhecimento e a sua noção de pertença a um grupo de referência.
Durante a adaptação, inicio a minha observação e o retrato inicial da criança vai surgindo.
A ação vai ganhando forma à medida que nos vamos conhecendo.
 E sigo no desenvolvimento e na exploração dos meus pilares base. Como o direito ao brincar, afinal, tal como defende Mário Quintana,« a criança não brinca de brincar, ela brinca de verdade»! E este é o instrumento de pesquisa mais eficaz para conhecer verdadeiramente a criança. Atendendo ao espaço, aos recursos que disponibilizo, partindo dos interesses da criança, das suas emoções, do seu desenvolvimento corporal, do olhar que traço da sua globalidade brincante.

  Vou construindo formas de lhe promover agência, uma participação ativa, pronta, respeitada e valorizada. A criança no meu grupo tem voz, e procuro escuta-la atentamente, olho para ela como parceira na construção do nosso currículo.
Então nasce nela o desejo e o direito de explorar e de se amplificar no mundo pessoal, social, natural, artístico. Ela exprime-se em cem e mais cem linguagens que tenho o dever de Escutar! Assim vou traçando a minha planificação anual, centrada na criança e nos meus 5 pilares base.



 A cada mês tomo nota dos pontos de interesse.
Partindo da observação direta do grupo e de cada criança individualmente, tal como no contato diário com as famílias, teremos conhecimento sobre os focos de interesse de cada um que serão registados no mapa de Projeção de atividades, como pontos de partida.Tomo todas as notas na minha agenda, usando o separador planificação mensal e semanal


A cada ponto de partida, que será datado e identificada a criança (ou o coletivo, se esse for o caso) de modo a projetar e planear atividades que promovam a amplificação desses focos. Eu, a minha equipa e o grupo  apoiamos e clarificamos as vivências de cada um em concreto e do grupo em geral, ajudando a organizar o discurso, a recolher os recursos humanos e materiais, promovendo novas experiências e descobertas, promovendo aprendizagem e o desenvolvimento global de todos.


A cada projeto que nasce é realizado um plano de ação (que é transcrito no mapa «Vamos fazer»)  notas, que informam as famílias e os demais parceiros das projeções e abertura à organização de atividades que promovam e amplifiquem os focos de interesse das crianças. Estes projetos podem também nascer do trabalho de reflexão e propostas da equipa da instituição ou destes em parceria com outras entidades.

Todas as atividades realizadas serão registadas diariamente no mapa «Fizemos»  e na agenda, no separador planificação semanal, de modo a poder avaliar cada projeção e atividade em concreto, podendo desta avaliação surgir novos focos de interesse, ou novas propostas de atividades enriquecedoras das vivências coletivas, que escrevo nas notas.

Todas as peças se encaixam e não posso iniciar o meu ano letivo sem a minha agenda Sítio da educação, e vocês já têm a vossa?
Não a deixem esgotar, façam a vossa encomenda em
https://www.sitiodaeducacao.pt/p/agenda.html

Até breve!