E@D- Educar, ser Escola à distância de um clic (outra vez)

 


Sobre a creche e a E@D, num segundo confinamento...
Temos recebido muitas mensagens de colegas que questionam como projetar, como apresentar, observar, registar, alimentar, relançar e documentar as experiências lá em casa...
Como sabem não há receitas...Mas há muita reflexão entre nós para pensar algumas questões como;
O tempo e o ritmo...
O espaço e os materiais...
O quotidiano como riqueza infindável... tanto para as crianças como para as suas famílias, sempre numa prespetiva ética e estética para com todos.


É preciso aprender a gerir a distância.
Como?
Aproximando-nos das famílias, alimentando esse vínculo que faz de nós essa escola feita de relação, alimentando assim a ideia de que Juntos somos Escola.
Procuramos inícios dos interesses das crianças no seu Eu individual e no coletivo, partimos deste ponto comum para propor investigações e não atividades. Propostas que alimentam a relação e a vivência no tempo de cada um, numa busca de construção cooperada do saber. Lançamos desafios de organização temporal, de organização do espaço e recorrendo aos materiais acessíveis a cada um, os que existem lá em casa e lá fora na natureza, assim promovemos a igualdade de oportunidade e combatemos os desníveis que possam existir...


Outra das preocupações é libertar as crianças do formato A4 e dos ecrans... eles precisam de se movimentar, explorar e agir sobre o mundo!
Assim definimos investigações de algo que as crianças tenham já alguns conhecimentos, os ciclos de vida foram o nosso mote para retomar o encontro entre nós!


Um interesse que é transversal, pois deriva do nosso sujeito de pesquisa deste ano letivo, árvores como metáfora para esses ciclos que se renovam e pulsam...
O nosso maior objetivo na retoma do contato com as crianças e do lançamento das nossas propostas visa um tempo prolongado de investigação, tempo necessário para que cada um possa construir as suas teorias provisórias, sem desejar atingir resultados imediatos, na pressa de recolher resultados. Antes pelo contrário, é nosso objetivo principal, tanto da equipa como das famílias, é semear uma curiosidade que se dilui no tempo, procurando pontos de suporte, saberes e descobertas partilhadas, onde o belo possa atrair o belo, a vida possa atrair a vida e o EU possa atrair o Nós, como grupo.


Assim, outra das preocupações é a da diversidade, alimentando a sensibilidade das crianças para OLHAR de perto o mundo, como quem olha por uma lupa ou lente do microscópio... abrir-lhes o leque de opções, levando-lhes cultura e arte em linguagens que se continuam a si mesmas, por serem ricas em conceitos amplos como, a vida, a cor, a forma, o sabor, a transformação, a manipulação e a espera, essa suspensão no tempo e pelo tempo, sem ter essa pressa para TER, SER, FAZER.
Trazer o CUIDAR como conceito base em cada um destes momentos...

Depois planeamos a recolha dos observáveis, em diálogo com aqueles que estarão lá fisicamente... as famílias.
Sejam fotos, vídeos, chamadas de whasapp ou no grupo de comunicação da sala, aceitamos o esforço e o olhar de cada um. numa gratidão sem fim...
Assim reunimos partilhas, que depois partilhamos entre nós, construímos, JUNTOS, essa memória coletiva do vivido, sempre com devoluções de documentações e reflexões pedagógicas para que todos entendam o que desejamos levar a cabo.



Acreditamos que o COVID´19 nos pode trazer essa pausa, que alimenta e reforça o SER e ESTAR em família, o momento para recuperar, alimentar e valorizar as coisas simples da vida...
Afinal olhar o mundo com olhos de criança, não é mais do que isso!!

Até breve,
MIlena Branco