7 de novembro: Rumo ao Centro internacional Loris Malaguzzi

 

Madruguei!

Queria aproveitar cada minuto deste domingo!

«Quando eu sonho, gosto de Sonhar muito!», alguém escrevera a frase na parede! Juro que não fui eu... mas podia ter sido... este é o meu maior sonho (era, porque agora quero vive-lo por mais dias, mas isso será outra história...). 

Segui, agora com a luz do dia.

O caminho entre as árvores era desvendado pela luz... quantas cores? Quantas árvores? Claro que as árvores estavam comigo, ou não fossemos nós íntimos de outras andanças...


Encontrei várias indicações pelo caminho. Caminhar em Reggio é muito fácil, quase intuitivo!

Aquela placa lembra-me que EU estou a Caminho!

Pelo caminho no túnel de acesso á estação e à zona industrial, encontro várias representações gráficas.

São grafitis artísticos, alguns com palavras de ordem e de protesto politico, lembrando a todos que Educação é um ato politico SEMPRE!
Além de ser também um ato cultural.

Mensagens subtis estas... que me prendem o olhar.

Caminho com tempo. Posso parar, ler as frases escritas nas paredes, aprecio o traço dos artistas de rua e encontro a pedagogia Reggio abraçada pelas ruas da cidade.


O projeto «A bicicleta».

O projeto que havia lido numa documentação estava ali frente aos meus olhos. 

A cidade a acolher o pensamento, as metáforas das crianças e as suas leituras e ressignificações sobre esse elemento... a bicicleta!


Paro para ler a documentação. Podemos ler em italiano ou em inglês (embora tenha ficado espantada pela dificuldade com que os jovens e adultos de Reggio mostram em usar o inglês como idioma).

As ruas são habitadas por centenas de bicicletas.

As crianças usam-nas.

Os adultos usam-nas.

A bicicleta é um objeto icónico, bem como o perfume (que os habitantes partilham sempre que passam por nós nas ruas! Lembro-me de um livro que li, «A menina do perfume de Reggio», que a Ana Lopes que emprestou. Falava de um enorme projeto sobre os aromas da cidade de Reggio. Esta leitura fez-me preparar e  escolher um aroma para marcar a minha estadia por aqui. Trouxe um perfume sim! Esse será o MEU aroma de Reggio agora, porque as memórias também são feitas de aromas! Este era, um projeto à mesma escala do outro sobre o perfume. A diferença é que agora ele não era um livro, mas era algo muito vivo e real, ali, mesmo à minha frente!)

Encanto-me pela forma como crianças dos 2 aos 12 anos poderem explorar, pensar e criar «A Bicicleta». 
Os desenhos são a marcador preto, mas as construções são sempre apartir de materiais de fim aberto (arames, rodas, parafusos, metais, cordas, botões, entre inúmeros outros).



Alguns passos mais adiante, ali está o cercado industrial que procuro. Reconheço o portão. as paredes amarelas. Os edifícios (escolas) ao redor do centro.
Respiro fundo e sigo portão a dentro.

O interior é mais belo que podia imaginar!
E os meus olhos prendem-se com a exposição de barro ali patente!
Cheguei cedo, tenho tempo para ver devagarinho as estatuetas.
Ao lado da exposição «As Cem existem».
Sinto-me abraçada pelo mestre Malaguzzi.

As Cem existem!
Eu acredito!
Eu vejo!
Eu estou a fazer parte deste momento!
Sou apenas eu e as palavras Dele...
Leio emocionada cada palavra...
E deixo-me acolher por aquele espaço.

Procuro então o caderno da documentação!


Junto-me a um grupo de 10 participantes para o evento desta manhã no centro.

Depois da pandemia, o Centro está a abrir portas a pequenos eventos presenciais. Sou a única portuguesa entre professoras e atelieristas italianas. Estou habituada a estudar, a ler e a ouvir documentários e webinares em italiano. A língua é já algo muito familiar e sinto-me segura para esta aventura!
Nesta manhã irei participar na visita da mostra patente no centro e de um atelier de luz.

Mas sobre estes momentos falarei amanhã...

Preciso digerir as emoções e os saberes.
Até amanhã mundo!