Viajar dentro do Centro Loris Malaguzzi: A Mostra permanente


 As pernas tremem antes de subir as escadarias para visitar as exposições permanentes no centro.

A cada letreiro faço uma pausa.
Inspiro cada palavra e tento reter toda a mensagem.

Como seria a relação destes dois pensadores, Loris o pedagogista e Gianni, o escritor?
Ambos a acreditar na capacidade da infância. 
Defensores da promoção da capacidade das crianças em erguer a sua aprendizagem, pensando «fora da caixa», além do óbvio e do convencional. 

Todo o grupo de educadores já subiu escada acima, eu fico ali a reter as palavras... uau, como eu queria ter conhecido estes dois Homens... resta-me estudá-los! Sigo!
Começo então a visitar a mostra « Mosaico», na livraria do centro o livro está à venda mas só em Italiano, em breve terei o meu com tradução Portuguesa através dos embalados da Diálogos (conhecem? Deviam!)

Somos recebidos com uma mesa recheada de riscadores, cores, traços, texturas...
Tenho vontade de MEXER, ver com o corpo todo... mas o meu atelier desta vez é sobre outra linguagem...terei de ver apenas com os olhos...

Quantos materiais nos podem dar oportunidade de RISCAR?

Adoro pedras, madeiras, mas geralmente não penso nelas como material riscador... atraso-me ainda mais face ao grupo... faço anotações, até as minhas inquietações, no meu In Bloco, depois apresso o passo até à próxima mesa!
Papel.

Adoro papel, como material, como produto de uma  das minhas matérias preferidas, a MADEIRA.

Adoro as tonalidades, as gramagens, as formas, as tonalidades, as texturas, os padrões!

Queria riscá-las e experimentar o que as crianças experimentaram: ver o traço acontecer em cada material... Rabisco algumas ideias no bloco...


Não temos uma Remida... que pena. Não temos oportunidade de beneficiar dos materiais que as gráficas atualmente deitam na reciclagem... felizmente tenho alguns contatos e vou fazendo crescer a Remida do Sítio da Educação. 

Mas... ganharíamos todos com a união da comunidade... rabisco esse pensamento no bloco até que...

Sigo e ouço, «uau!», ouvir as crianças a dizer uau é maravilhoso, mas ouvir esse uau dos adultos é transformador... apresso o passo, quero ver o que há na sala do lado!
Água! Um ótimo RISCADOR!

As crianças desenvolveram um projeto de investigação sobre os efeitos da água no papel.

Um projeto continuado no tempo... entre as estações do ano..

O que acontece ao papel na primavera?
Será que o calor do sol afeta tanto o papel como a água? 
E se o deixarmos no outono?
As manhãs húmidas deixam vestígios no papel?
Então e no Inverno se nevar?
Como fica o papel depois de um nevão?


As BOAS PERGUNTAS feitas e pensadas pelas crianças!

Adoro!

Perco-me a ler e a tentar compreender cada passo do processo investigativo!

As amostras traduzem os resultados, mas melhor que isso é ver o quanto as crianças têm de liberdade para investigar.

Quanto de TEMPO lhes foi dado nesta investigação?

Afinal TEMPO era o ingrediente mais precioso além da água, do sol, do vento, do nevoeiro e da neve... TEMPO, esse fator chave que transmite oportunidade para chegar à descoberta! 
 
 Sigo.

BARRO. Um material vivo, feito de CEM!

Barro nos seus processos...

Terra.
Pedra.
Pó.
Águada.
Massa.

Forma.
Gesto.
Descoberta.
Domínio.
Materialização do pensamento.
Ressignificação.
Um convite para pensar sobre «CAVALOS».
Vários registos e documentações com as falas das crianças.

Anoto o nome da Documentação, está à venda na livraria, decido que a vou levar comigo!

Vejo as escadas.

A exposição terminou.


Vou almoçar!


Volto depois para mergulhar no Atelier de LUZ!

Até já!
Milena Branco