O filme «Cordas»


Este ano letivo, tenho no meu grupo um menino especial ( como são todos os meninos é certo), no entanto este tem um tempo e interesses muito «seus»...
 Nasceu com T21 e está inserido na creche desde o ano letivo passado e agora faria parte do meu grupo, o desafio não podia ser mais apaixonante, e coloquei mãos à obra para dar inicio aos trabalhos, por estar de licença de maternidade só irei re- iniciar o meu ano letivo no próximo mês, mas não é disso que quero falar, lidar com a diferença pode ser um desafio, um incómodo, uma dificuldade... para mim é visto como um passo em frente que marcará decerto a vida desta criança e da sua família, a par da vida dos colegas e das suas próprias famílias.
 Pensei e dediquei algum espaço no meu projeto curricular de sala sobre este desafio e é isso que hoje quero partilhar convosco.

«   (...) O percurso a cumprir a  no corrente ano letivo será designado por, “De mãos dadas”, onde daremos as mãos aos nossos colegas do lado, à família, mas, também ao mundo. Daí focarmos a nossa atenção nas emoções, no respeito pelo outro, pelos seus sentimentos, na entreajuda e na amizade. Reforçaremos os elos de vinculação entre a família e a escola e ao mesmo tempo, abrangemos o respeito pelo mundo que nos rodeia.
Dar as mãos ao mundo vai exigir das crianças um papel ativo no seu desenvolvimento, pois, terão que ser elas a experimentar, a descobrir, a explorar e a aprender. Será realçada, claro, a importância de conhecermos a terra onde vivemos, ligando-nos à comunidade que nos cerca e da qual fazemos parte integrante. 
Dar as mãos aos outros prende-se essencialmente com o aspecto emocional e relacional das crianças, em foco nesta fase do seu desenvolvimento. É importante que percebam que temos alguém ao nosso lado, entendendo que é um amigo tal como nós, que tem sentimentos, precisa de ajuda e que cada um de nós pode ser muito útil para contribuir para a felicidade do outro, respeitando-o, ajudando-o .
A expressão « De mãos dadas», resume  uma pesquisa onde o lado social e lúdico da criança a leva a descobrir e explorar o mundo que a rodeia e do qual faz parte. Trabalhar a diferença do «eu» e no «outro» surge como ponto de união num caminho comum de crescimento individual e coletivo.
A criança, quando inserida num grupo, usa os recursos de que dispõem para aprender e viver socialmente, amplia a sua prespetiva e perceção sobre o outro, organiza o seu pensamento trabalhando os afetos e sentimentos, reconhece e aceita a dificuldade do outro, aceitando-a como parte integrante desse todo a que pertence.» in. Projeto curricular de sala 2013/14, Ed. Milena Branco

Ver a forma como se relacionam com a diferença, faz-me ter certeza do porquê desta nossa profissão, para eles não existe diferença, existe dificuldade e perante ela só há uma coisa a fazer, ajudar!

Esta semana ao ver uma curta metragem pensei no meu grupo, na profunda amizade que os une e mostrei-a à minha filha e 5 anos, ela não teceu nenhum comentário à diferença, mas elogiou a amizade que unia aqueles meninos, as brincadeiras e a felicidade que sentem quando brincam juntos... assim se deve trabalhar a diferença na sala diluindo-a no todo...




Deixo-vos hoje « Cordas» a mais bela curta metragem feita até hoje sobre a amizade...
Um abraço Milena Branco

«Cordas», ganhou o Prémio Goya 2014, na categoria de Melhor Curta Metragem de Animação espanhol.
Este filme conta a história de uma menina doce que vive num orfanato, e que criou uma ligação muito especial com um novo colega  que sofre de paralisia cerebral. É  uma obra que fala de valores e sonhos, cativando quem o vê desde o primeiro ao último minuto...
Uma proposta para usar em sala com o vosso grupo de pré-escolar.