Descobrimos que há torres altas que NÃO caem!

O nosso projeto anda sem parar!!
fizemos já muito que desejamos partilhar convosco!!

Depois de avançarmos nesta aventura a primeira proposta que lançamos ao grupo foi a de transformar o nosso espaço de jogo simbólico e transformamo-lo num... Estaleiro de obras! Afinal as grandes torres são feitas por muitas máquinas, pedras, ferramentas e muitos trabalhadores.
 Era necessário realizar um painel para acolher as nossas pesquisas e no atelier deixámos uma folha de papel na parede e outras na mesa que rapidamente de encheram de cores e sinaléticas...

Em pequenos grupos foram surgindo as propostas para a organização do espaço.

«O propósito aqui é descobrir e explorar novas possibilidades de brincadeiras, experimentando o toque, o uso de materiais de largo alcance e outros, criando intervenções no espaço para que as crianças possam ambientar narrativas de diferentes maneiras, ao mesmo tempo que se alimentam a interação, a criação e a expressão de sentimentos e ideias."(arte na creche )

Compramos algumas placas sinalizadoras e com os tubos de cartão nasceram pinos de sinalização.

Foi preciso decidir, colar, fazer . E eles foram capazes disso tudo!
 
Para alimentar o projeto realizamos com um grupo de crianças o nosso primeiro registo do projeto, sobre a a forma como ele nasceu, para explicar aos amigos de outras salas e ás nossas famílias o que andávamos a explorar. Seleccionámos as fotos, revivemos esses momentos, colámos  e colocámos o registo à porta da sala à altura deles para o poderem ver muito bem.
 

 
  Depois da aula de dança o grupo encontrou novos elementos no novo espaço de jogo simbólico o nosso estaleiro estava Pronto!!!
  Não perderam tempo para iniciar as explorações e as suas pesquisas...

Porque o espaço deve transformar-se acompanhando as investigações do grupo nas diferentes áreas da sala, o educador é responsável pela organização, selecção e planeamento dos diferentes espaços da sala. Neste processo as crianças continuam a ser construtoras da relação entre a sua curiosidade e o ambiente em que habita a sua infância-


Embora as investigações fossem nesta altura feitas apenas em grande escala resolvemos levar ao espaço um mini-mundo de construções e provocações dentro da temáticas que era ali fonte de interesse...
Nascia assim a nossa mini-cidade de construções!
 

Usámos a mesa sensorial e colocámos lá dentro carros, pontes, bonecos pequenos, blocos de madeira, massas e espaço para que pudessem eles juntar ali mais elementos.

Esta proposta foi um sucesso!!

Como sabem nós temos uma parceria com a biblioteca de Samora Correia e pedimos uma cesta de livros sobre esta temática. Algo sobre as grandes construções do mundo e a cesta veio receada de bons livros!
 

Não existem livros para crianças pequenas e livros para crianças grandes, existem livros que nos ensinam e ajudam a conhecer o mundo maravilhoso que nos rodeia e do qual fazemos parte. Existem livros e existem bibliotecas como a nossa que nos que nos ajuda e apoia sempre. Com ela e com os seus livros vamos aprender sobre as coisas que caem, formas geométricas, ciências e experiências com equilíbrios, monumentos altos e baixos, coisas que existem aqui perto e outras que estão muito longe de nós...
Agora além do espaço de faz de conta existir possibilidades para explorar as torres que caem, a biblioteca da sala também lhes dá essa oportunidade.

  
Na área das construções os materiais de fim aberto são envolvidos em grandes explorações de equilíbrio, testam-se força do uso combinado de diferentes elementos. O grupo está envolvida nesta procura à resposta da E. « afinal porque caem as torres altas?» Descobriram que as torres cuja base inicial ou intermédia é mais larga, a torre tem possibilidade de se manter em equilíbrio. E não estão longe da verdade
.
Fizemos então uma pesquisa sobre grandes monumentos altos que existem no mundo e que ainda não caíram... usámos o nosso painel colorido para colar essa informação...

 Algumas crianças fizeram comparações quase imediatas entre a forma desses monumentos com as formas de objetos ou imagens que já conhecem...
O maior arco do mundo tem a forma dos nossos arcos de cortiça, e do arco íris que vemos no céu...

 As pirâmides do egipto são afinal inspiradas em triângulos e essa forma geométrica nós conheceemo-la muito bem!
Os livros que estão na nossa biblioteca servem de exemplo para comprovar aquilo que sabemos junto daquilo que descobrimos. A figura do Cristo Rei foi imediatamente baptizada por «estátua do senhor dos braços abertos» e foi alvo de muitas observações: «Quem É?» «é Jesus», «Tem os braços abertos assim...» usam o seu próprio corpo para investigar aquela figura enorme...
Até que alguém entende « estes são altos como as torres mas não caem»!
Surge a nova descoberta! Afinal existem torres e monumentos altos que não caem!!!

 Na mesa de jogos resolvo colocar uma nova provocação:

Coloco aberto o grande livro dos maiores monumentos do mundo, coloco tubos de cartão altos e baixos, uma cesta de blocos de madeira coloridos e duas cadeiras...
 As explorações começam novamente, agora temos mais um espaço da sala contaminado por esta exploração.
 A torre Efiel é alvo de muito atenção por parte de várias crianças...
 Nascem novas torres inspiradas nela...
Reflicto sobre as explorações que vejo acontecer e reparo que o atelier é o único espaço onde não existe uma provocação ligada ao grande projeto da sala... tinha ainda algumas imagens da pesquisa anterior em tamanho mais pequeno e levo esse material para o atelier... junto-lhes cola e uma cartolina...


 Nasce a nossa documentação sobre os monumentos que mais gostamos, as pirâmides, a torre Efiel, a torre de pisa, a London bridge e o Cristo Rei...
Para cima da mesa do atelier saltam espátulas de madeira e cápsulas de café...

Reparo que conseguem criar o esquema corporal, inspirados no «Senhor dos braços abertos»



Fazem pontes e triângulos que identificam como pirâmides... provoco ainda mais, será que conseguem fazer o mesmo desenhando?

 Sim!!

Observo que são capazes de dar corpo aos conceitos que dominam e lanço a proposta vamos modelar esses monumentos em barro??

A surpresa foi ainda maior!

 Nasceram Pirâmides...
 
E muitas versões do «Senhor dos braços abertos!»

Á medida que as explorações avançam, o grupo vai descobrindo que nem todas as torres altas caem, que as pontes são igualmente altas e sólidas, possíveis de se atravessar... As grandes esculturas permanecem inalteráveis ao longo dos anos...

E porque o interesse alimenta-se de novas propostas de exploração levámos o grupo ao registo gráfico dos seus conceitos e saberes e formos mais além... provocámos a exploração da modelagem com construções tridimensionais.


As construções que nascem destas explorações e investigações, apresentam uma perspectiva viva, um olhar de diferentes ângulos, um convite ao planeamento da sua ação, para materializar uma ideia, um conceito.
 Aos poucos, individualmente ou em pequenos grupos, vão sendo capazes de gerir e resolver, tanto a frustração das dificuldade, como a resolução dos pequenos problemas que vão surgindo, além do uso dos seus conhecimentos já adquiridos aquando do uso combinado de diferentes recursos.

Sabemos que a criança ocupa os diferentes espaços e desfruta deles e dos recursos que tem aí disponíveis.
Num dos nossos recreios surpreendi o grupo com algumas caixas de cartão, tecidos e blocos de madeira...
E as construções de torres altas foram inevitáveis...
 

Testaram não só a estabilidade, equilíbrio dos materiais, mas também a ação do vento e a sua força que derrubava insistentemente as suas torres...

Em breve iremos levar para o recreio novos elementos que permitam construir e contrariar a força do vento...
Uma caixa grande de rodelas de madeira, pequenos troncos... e veremos o que acontece...


É preciso construir um dialogo entre os espaços, para que este brincar, explorar, investigar, não se perca de forma a que a criança o possa alimentar onde quer que esteja. Vamos continuar a pensar, investigar para provocar mais descobertas e saberes no nosso grupo.

« Brincar é o estado de quem vivie vigorosamente em transformação. Falamos de um brincar repleto de movimento, que ocupa o lugar, faz barulho e trás deslocamentos para todos os que participam nele»
Stela Barbieri